Vivemos num contexto de fortes e
rápidas mudanças. A sociedade contemporânea vive a ditadura do
urgente. O consumismo dita o ritmo das relações sociais, inclusive
na família. É um período
em que a ética e os
valores morais são relativizados, os filhos sofrem abandono afetivo
por parte dos pais, que passam mais tempo no trabalho a despeito de
prover o necessário para a casa. Conflitos
acirrados, divergências
político-econômicas influenciando
nas discussões e nas relações do dia a dia.
Nesse roldão, vem a escola que
precisa abarcar uma série de alterações sociais que ela não
provocou. Em meio a tudo isso, o docente parece ter sido deposto da
função de discutir a educação e o próprio processo
pedagógico, ficando essa atribuição para
os “especialistas” que
não estão em sala de aula, mas definem o tipo de material que será
disponibilizado ao
professor, e a este caberá apenas selecionar qual livro usar,
repetindo conhecimento alheio aos seus alunos.
É preciso mais que simplesmente
incumbir o professor de dar aula. Ele precisar ter papel mais central
na elaboração, não só projeto pedagógico da escola, mas até
mesmo participar da construção do material didático. Há uma série
de questões que o professor precisa considerar no momento em que
está exercendo o ensino/aprendizagem. Mas se for dado a ele os
recursos didáticos que o engessam, de pouco, ou nada, vai adiantar
tentar ajudar o aluno entender o seu contexto.
A sociedade contemporânea tem
suas culturas, seus
hábitos, enfim, sua forma de pensar e agir, e
isso se valoriza muito mais, se tem mais atenção a esses aspectos
hoje em dia. É
urgente que se entenda que as ações invasivas e colonizadoras dos
conquistadores do passado não são mais toleradas, e, portanto, o
patrimônio cultural das pessoas, inclusive, dos discentes, precisa
ser respeitado, sob pena de perda da confiança e quiçá, risco de
conflito.
Há marcantes diferenças
regionais que
precisam ser levadas em conta. Ainda,
existem as
carências dos alunos, suas dificuldades, seus medos, suas
apreensões. São
sentimentos aos quais os docentes
precisam
estar atentos.
Diante do quadro exposto,
ao professor muitas vezes caberá até a função de psicólogo.
Assim, o trabalho do docente tem, pelo menos, três questões
importantes como particularidades: Competência científica, a
didática e a atuação no campo humano e social do aluno. A
escola recebe alunos dos mais variados matizes. Alguns com
mais, outros com menos dificuldades para o aprendizado,
alguns vêm com os conflitos familiares, histórico de violência.
muitas vezes reproduzidos
no âmbito escolar e por aí vai. Não sendo isso o bastante, o
professor ainda tem a tarefa de fazer o que todos esperam, mas
com pouco espaço para
fazer, que é, preparar o aluno para o ser um profissional e cidadão.
Por
fim, é preciso que o exercício da docência esteja sintonizado com
as necessidades da atualidade. A sociedade hodierna é muito exigente
e pouco tolerante com os erros. Cobra muito, mas não está muito
atenta ao seu papel. É prodigiosa em transferir responsabilidades e
deixar vácuos naquilo que lhe compete fazer, mas, alguém precisa
tomar as “rédeas” da situação e tentar manter a sociedade em
nível aceitável de convívio social saudável.
Se
é verdade o que diz o provérbio “papagaio velho não aprende
falar”, com relação ao diálogo com o futuro e com uma sociedade
mais justa e solidária, a escola, e sobretudo o corpo docente,
precisa entender seu papel de agente não só transformador da
sociedade, mas construtor dessa mesma sociedade, ensinando os
discentes de hoje a falar com a sociedade do porvir, afim de que
tenhamos adultos cônscios do seu dever. Para isso, entender o hoje
para prevenir o futuro é essencial.
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