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Experiência pessoal com Deus

Por Sergio Aparecido Alfonso

Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos (Jó 42.5)

Conheço pessoas que não dão importância para o que ouvem a respeito de Deus, outras, valorizam tudo. Algumas pessoas, mesmo não sendo ateias, se comportam como se fossem. Para elas, o Senhor é alguém que existe, mas não está muito interessado com as coisas que acontecem no mundo, pensam elas que Deus não faz qualquer intervenção nos eventos. Outras, ouvem atentamente os testemunhos e ficam maravilhadas com as notícias sobre a ação de Deus na vida das outras pessoas. 
Mesmo que tudo o que elas ouvem seja verdade, sentem certa frustração porque, segundo seu conceito, nunca tiveram uma experiência com Deus. Enquanto lhes chegam relatos de como o Senhor deu livramento, cura, vitória, elas não têm nada para contar. E isso as entristece. Elas gostariam de ter grandes histórias para narrar. Mas será que suportariam alguma carga de dor?
Nosso texto diz: Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem meus olhos. Outras versões podem dizer: Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos (Jó 42.5 NTLH). Essa frase foi dita por Jó. Quem conhece a história desse patriarca, sabe que desde o primeiro capítulo ele começou a sofrer um revés na sua vida. Jó sempre foi um homem justo, honesto e temente a Deus. Ele buscava a consagração própria e de sua família. 
Quando seus filhos ofereciam um banquete entre si, como de costume, em seguida o patriarca os santificava, ou seja, prestava um culto em que eles participavam, depois prosseguia prestando culto, jejuando e oferecendo sacrifícios a Deus para expiar qualquer pecado que eles tivessem cometido contra o Senhor em função do consumo excessivo de vinhos. Seu receio era que eles tivessem pecado contra Deus (Jó 1.5), ainda que de forma inconsciente. 
Na sequência da leitura do capítulo 1 do livro de Jó até o verso 9 do capítulo 2, o leitor poderá conferir que com a autorização de Deus, Satanás usou das forças da natureza para tirar tudo o que o patriarca possuía. O objetivo de Satanás era provar para o Senhor, que Jó blasfemaria, caso se tornasse pobre, doente e sem filhos. Deus não permitiu que o diabo matasse Jó, mas deixou que todos os filhos, saúde e bens fossem tirados dele. E então o patriarca passou a enfrentar dor e sofrimento. Até sua mulher vendo sua angústia, não podendo fazer nada, o aconselhou a amaldiçoar a Deus e morrer (Jó 2.10). Porém, o patriarca manteve-se firme no propósito de fidelidade a Deus. 
Sabendo de sua situação, os amigos de Jó vieram para o consolar. Mas suas palavras, seus discursos apenas serviam para o atormentar. Os amigos do patriarca o julgavam, e acusavam de alguma falha. Jó rebatia dizendo que sem causa Deus havia infligido tais dissabores na vida dele. Foi um longo período de retóricas, réplicas e tréplicas, até que a situação de Jó chegou ao fim com a intervenção do Senhor a partir do capítulo 38.
Deus entrou no diálogo para mostrar a Jó que ele não conhecia os desígnios do Senhor. Deus falou com o patriarca sobre muitas coisas da natureza, fundamentos da terra, ocorrências astronômicas, grandeza e força dos animais, fenômenos naturais, limites das águas do mar em relação à terra e muito mais. Mostrou que se Jó não tinha como solucionar as questões materiais, muitos menos as questões atemporais. Que no mundo espiritual estavam acontecendo coisas que fugiam ao entendimento de Jó. 
Depois de se apresentar para que Jó conhecesse a sua grandeza, Deus passou a falar com os amigos do patriarca. Ele os repreendeu porque eles também falaram de coisas que não entendiam, e por isso foram injustos com Jó. Acertadas as contas com os amigos importunos, O Senhor requereu do patriarca um sacrifício em favor dos amigos (Jó 42.8, 9), e Jó alcançou graça diante de Deus. Nesse momento o patriarca já havia dito que sua experiência com o Senhor era além de ouvir falar, (Jó 42.5), passou a ser pessoal. Então, a partir do verso 10 de Jó 42, o Senhor mudou a sorte do patriarca. Deu-lhe tudo de volta em dobro, e ainda mandou sua família para o animar e consolar do sofrimento passado.
Para saber mais sobre vida e sofrimento de Jó, recomendo a leitura dos capítulos 1 e 2 onde tudo começou. Mas muita gente ainda pensa que precisa passar por coisas semelhantes às perdas sofridas por Jó para ter uma experiência com Deus. Porém, Jó não passou tantos sofrimentos só para ter uma experiência com Deus. Isso ele sempre teve, sua vida sempre agradou ao Senhor, de modo que ele alcançou o reconhecimento de Deus em duas ocasiões (Jó 1. 8; 2.3). Na primeira oportunidade o Senhor falou de Jó para Satanás quando ainda estava tudo bem, e na segunda quando Jó já estava amargando perdas. 
O patriarca manteve-se fiel ao Senhor, apesar das circunstâncias. Ele já era fiel a Deus por conhecê-lo só de ouvir falar. Mas ao final do livro ele teve a oportunidade de ver Deus nas ações de preservação da sua vida e de mudança de sua sorte. Ele pode experimentar o poder restaurador de Deus, quando o Senhor virou o seu cativeiro. Depois de conhecer a história de dor do patriarca Jó, e olhar para a sua própria vida, pense bem antes de pedir algum tipo diferente de experiência com Deus. Pode ser que ele preservando teu estado atual já seja o que ele definiu de experiência para você. Ele sabe o que você pode suportar, por isso, as tuas lutas de rotina já são vencidas pelo poder dEle. Valorize o que Deus já fez por você. Cada um tem a sua própria experiência. A tua experiência com Ele é só tua.

Comentários

  1. Mensagem que vem em oportuno momento,nos edifica e ajuda no fortalecimento de nossa fé.

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  2. Graça e paz, irmão. Fico feliz com as observações. O objetivo de cada texto é levar à reflexão sobre os temas tratados.

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