O
planejamento de ensino é,
sem dúvida, tão ou mais importante quanto entrar em sala de aula e
expor a lição do dia. Aliás, planejar a aula é a diferença entre
o desempenho de sucesso e o desvirtuamento da proposta trazida para a
sala, pois, no planejamento se estabelece os parâmetros de forma clara. Uma aula bem planejada, mesmo na ausência do titular, o substituto bem formado saberá apresentá-la de maneira eficaz. Segundo ALVES
(2011), o planejamento de
ensino […
é a
especificação do planejamento curricular. É desenvolvido,
basicamente, a partir da ação do professor e compete a ele definir
os objetivos a serem alcançados, desde seu programa de trabalho até
eventuais e necessárias mudanças de rumo].
Ao
definir os objetivos, o professor tem em mente o que deseja ser
alcançado pelos alunos, e ao transmitir esses objetivos, seus
discentes terão um norte a seguir. Ao deixar claro o rumo que se
pretende com a aula, o professor não somente será um apresentador
de conteúdo, mas também o orientador dos educandos conforme PILETTI
(2013).
Ao
apresentar a aula, o professor deve lembrar-se de que ele precisa
mobilizar o aluno em direção ao saber que se renova no tempo e no
espaço, bem
como, mover o educando para viver e contribuir em sociedade.
Visando o futuro da
educação,
MORIN
(2000) constrói
sua festejada obra denominada Os
sete saberes necessários à educação do futuro.
Com ela, o autor pretende expor problemas centrais que precisam ser
tocados pela educação, mas que, não
recebem a devida atenção.
Assim, para Morim, [… a educação do futuro deveria tratar em toda
sociedade e em toda cultura, sem exclusividade nem rejeição,
segundo modelos e regras próprias a cada sociedade e a cada
cultura].
Tendo
em vista as breves considerações sobre o planejamento de ensino e a
pretensão
dos
Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, escolhemos um dos
saberes listados para buscar uma relação entre ele e uma proposta
de planejamento do ensino religioso. No caso em tela, ficamos com o
terceiro saber, qual seja: Ensinar a Condição Humana. Neste
saber, MORIN
(2000)
discorre
ressaltando a importância de reconhecer a complexidade humana, que é
ao mesmo tempo físico, psíquico, biológico, cultural social,
histórico, entre outros.
Para
RODRIGUES
e SAHED
(2015), dentre as ações contidas numa base curricular para educação
infantil, é necessário haver espaço no planejamento para
atividades onde a criança possa ser levada a obter experiências
próprias, reconhecimento da humanidade, do humano, da diversidade,
do outro. Conhecer demais alunos e realidades diferentes da sua. Bem
como demais profissionais atuantes no educandário.
Em
compreensão semelhante,
não
se limitando a um público específico, mas se referindo aos alunos
em geral, VASCONCELOS
(2013), entende
que o autoconhecimento da pessoa humana é possibilitado através do
entendimento da chamada antropologia humana. O homem reconhecer
a
existência do outro com suas particularidades e também se ver
como uma parte do todo.
Pensando
sobre os entendimentos acima, o que deve ser levado em consideração
no planejamento do ensino religioso? Para ALVES (2015) o ensino
religioso contribui para a ampliação da compreensão do aluno sobre
a realidade, devendo ainda, conduzir o entendimento do aluno
em relação à religiosidade humana. Obviamente ele, o autor não se
refere ao ensino religioso confessional, este sim, tem a liberdade de
fazer proselitismo, discípulos. Já
quando aplicado em escola “convencional” REYDSON
E DOS SANTOS (2016) entendem
que o ensino religioso deve promover o reconhecimento da diversidade,
da pluralidade, além de ocupar com estudo dos fenômenos religiosos,
das práticas e crenças, visando a promoção do diálogo
intercultural.
Por
fim, entendemos que ao se planejar o ensino religioso, precisamos
considerar o ambiente em que serão ministradas as aulas. Em sendo
num ambiente confessional, o objetivo é praticar a busca por seguidores, adeptos de determinada religião, onde
o ensino funciona como doutrinação, por assim dizer, e mesmo assim,
a aula deve ser planejada para levar o aluno a pensar a sociedade com
suas diferenças, divergências, e também, pensar na relação dele,
aluno, com o transcendente e sua relação com o próximo. Implicando
mais no campo moral.
Porém,
em sendo o ensino religioso aplicado em espaço educacional não
confessional, ao professor cumpre planejar o ensino, visando o
respeito às praticas religiosas de
todos os
alunos,
as possíveis convergências entre as religiões, o reconhecimento da
religião como uma manifestação humana, e até mesmo cultural.
Neste
caso, concluímos que o planejamento do ensino religioso pode e deve
andar junto com o terceiro saber, pois, em linhas gerais, é
exatamente o que o saber Ensinar a Condição Humana pretende, ou
seja, educar para que os vários aspectos do ser humano sejam
considerados, respeitados e valorizados, promovendo no educando a
capacidade de reconhecer o outro nele,
a alteridade, que faz o indivíduo perguntar: E se fosse eu?
Planejamento
Educacional. Disponível em
https://planejamentoeducacional.webnode.com.br/planejamento-de-ensino/
Acesso em 06 de jul. 2018.
PIETTI,
Claudino. PLANEJAMENTO DE ENSINO O QUE É PLANEJAMENTO E QUAL SUA
IMPORTÂNCIA. Centro de Ensino Superior do Amapá – CEAP. 2013.
MORIN,
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São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000.
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concepção dos professores e educadores de educação infantil sobre
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[online].
2015, vol.96, n.242, pp.180-197
VASCONCELOS,
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Terceiro saber dos sete saberes em Edgar Morin. Material para Prova
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em
https://www.webartigos.com/artigos/o-terceiro-saber-dos-sete-saberes-em-edgar-morin-material-para-prova-do-concurso-publico/112531
Acesso em 06 de jul. 2018.
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Disponível
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REYDSON,
Deyve; SANTOS, Marinalda Alves Rodrigues dos. O
PROCESSO DE AVALIAÇÃO NO ENSINO RELIGIOSO: A PROCURA DE UMA
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http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV056_MD1_SA14_ID2794_21072016103033.pdf.
Acesso em 06 jul. 2018.
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