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Mimimi gospel. Desculpas, desculpas, desculpas





E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe sobre os seus ombros, jubiloso; E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. (Lc. 15. 3-7).



Dia desses me deparei com uma frase que dizia o seguinte: 

“Às vezes a ovelha perdida não volta para o aprisco porque tem medo do olhar de desprezo das noventa e nove”.

Auto lá, não é bem assim. Considerando que a referida afirmação foi feita usando personagens de uma parábola dita por Jesus, vamos compará-la com o texto bíblico que está transcrito acima. Mas antes, explicamos que esta “apologia” será feita seguindo o conselho de Pedro para que demos satisfação de nossa esperança em Cristo sempre que formos instigados a isso. 

"Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós. Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo.(1 Pedro 3: 15,16)".


Ou seja, andemos de forma tal que afirmações do tipo da que iniciamos nossa reflexão não encontre guarida em nosso comportamento. Quando nos acusarem de sermos julgadores, vivamos de maneira que tal imputação seja no mínimo um equívoco. Não podemos permitir que satanás use de frases de efeito ou acusações baratas para tentar minar nossa fé, ou fazer pesar sobre nossos ombros algum tipo de culpa que nós não temos. Afinal, intentem quantas acusações quiserem, mas se estivermos em Cristo firmados, Deus é quem nos justificará (Romanos 8.33). 
E antes que alguém possa pensar ou falar que esta reflexão se reveste de um pensamento arrogante ou de falta de humildade, lembremo-nos da pessoa em quem devemos crer, e tomemos posse do texto de 2 Timóteo. 1. 12, porque é ele quem guarda o teu tesouro. Portanto, não nos deixemos acusar de hipocrisia pelas palavras de um hipócrita. 
Mais um alerta. Mesmo não sendo justo ser acusado por quem quer que seja, permaneçamos firmes em Cristo, mas em humildade, sem exaltação e sem ceder à tentação de nos tornarmos descuidados, sabendo que cair é uma possibilidade sobre a qual devemos manter vigilância. Quem está em pé mantenha o cuidado para não cair (1 Cor. 10.12). Assim, com base nessa defesa que podemos fazer de nossa fé e da sinceridade que devemos ter e zelar para com Deus, sem pretender esgotar o assunto, e de forma muito humilde, repito, de forma muito humilde, pensemos em três dos muitos pontos que poderíamos nos reportar:

1 – Estamos diante de uma frase em que uma pessoa se colocando na condição de ovelha desgarrada acredita ter procuração para julgar todo o rebanho que está reunido num aprisco. De onde ela tira essa ideia? Da insegurança e preconceito. Veja, a ovelha em questão teria medo do olhar de desprezo das demais, mas não foi até o aprisco para certificar-se de que seu receio era ao menos justificável. Importante observar, que de acordo com o texto da parábola, a ovelha desgarrada é que era a perdida, não as noventa e nove (Lucas 15.4a). Nessa ocasião o pastor cuidando de suas ovelhas, ao contá-las dá falta de uma delas. A desgarrada não havia chegado no abrigo antes das outras, mas estava em local incerto e não sabido convertendo-se em motivo de cuidados que as outras não requeriam. Ela é responsável por fazer o pastor ter que trabalhar em hora extra, demorar um pouco mais para voltar para sua casa. Ela atrasa o bem estar do pastor e o saborear sua refeição e dedicar tempo para a sua família. 

2 – O pastor precisa deixar as demais ovelhas em uma área deserta sem sua proteção, sem a sua presença, portanto, expostas aos perigos, para se preocupar em buscar a desgarrada (Lucas 15.4b). As noventa e nove ovelhas que ficam no deserto só são deixadas lá porque demonstram ao pastor que são obedientes a tal ponto de poder, no caso, ficarem sem supervisão. Elas foram submissas o tempo todo, por isso estão no rebanho que já deu mostras claras de que o pastor pode confiar nelas, e também por isso ele as deixa em local de fácil visão para em seguida sair a procura daquela que deixou o rebanho para trás. As noventa e nove são aquelas com quem o pastor pode contar, são as que lhe dão paz para continuar seu trabalho até dar conta de cada exemplar que lhe foi confiado; estudar os pastos, cuidar das ovelhas que acabaram de nascer, dessedentar o rebanho, enfim, desempenhar seu trabalho com tranquilidade.

3 – O próximo ponto a considerar, é que o pastor encontrou a ovelha desgarrada e a levou consigo (Lucas 15.5). A parábola revela que o pastor foi bem-sucedido na sua busca e encontrou a ovelha. O pastor a tratou com carinho, a depositou sobre seus ombros e voltou com ela jubiloso e alegre. O pastor foi para casa, e convocou os amigos para se alegrarem com ele. Sem condições de andar com suas próprias pernas, a ovelha desgarrada que antes era perdida foi levada sobre os ombros para junto das demais. Voltou nos ombros talvez até por temor do pastor de que ela se extraviasse outra vez antes de chegar ao seu destino. O texto bíblico não diz que as noventa e nove a rejeitaram. Apenas diz que a ovelha desgarrada foi encontrada e carregada. Carregada porque estava incapacitada de andar. Agora ela necessitava de cuidados especiais e toda uma atenção diferenciada.

Pois bem, terminados os três pontos, passamos a pensar no que a frase em estudo quer de fato dizer. O autor da frase que estamos analisando compara um membro de igreja que saiu para o mundo com a ovelha desgarrada, e as noventa e nove que são deixadas no deserto ele usa para ilustrar aqueles que ficaram na igreja, o que vem a ser a membresia dessa igreja. Mas erra o autor da frase ao achar que todos os membros da igreja julgarão o membro que está voltando. Pode até ser que um, dois, três ou até quem sabe dez de seus irmãos o receberão com reservas, mas não é correto pensar assim da totalidade. Além de ser uma atitude preconceituosa, quer transferir responsabilidade para terceiros. E mais, a ovelha da parábola foi encontrada pelo pastor que a levou consigo. Quer dizer, se uma pessoa afastada sente vontade de voltar para a igreja, entenda que o Senhor a encontrou e a está levando de volta. Usar de desculpas para não retornar é resistir ao chamado do Senhor. Cabe aqui pensar sobre Hebreus 3. 7, 8, e não endureças o seu coração. Pois, é a voz do Senhor ecoando no ouvido da ovelha perdida. Usar de subterfúgios tais como, o suposto desprezo das demais, é na verdade desprezo pelo carinho do Senhor Jesus, o pastor, que trouxe nos ombros a desgarrada que agora sob desculpas mantem a rebeldia contra Ele.
É preciso também pensar sob o prisma de quem ficou na igreja. Nem todos ficam contentes com alguém que deixou a congregação, foi para a vida no mundo, viveu as mais variadas aventuras e agora retorna, simplesmente retorna. Não estamos defendendo aqui o julgamento por parte de quem quer que seja. Mas é preciso entender que algumas pessoas demoram a acreditar no arrependimento de quem saiu, envergonhou o nome do Senhor e da própria igreja. Ninguém pode esperar ser aplaudido naquilo que cabe reprovação. Porque há algo que o autor da frase precisa levar em conta. Alguém que é conhecido como “crente”, terá as suas ações fiscalizadas pelos de fora e seus atos serão medidos segundo a régua do evangelho. E cada vez que ele praticar um pecado, uma ação imoral, enfim, algo que é comum aos descrentes cometerem, ele será associado à igreja à qual antes pertencia, e não raramente as pessoas de fora dirão frases do tipo: “E ainda se diz crente”! Essa associação é feita quase que automaticamente. É preciso entender essa posição, e também tem gente que sente vergonha de ser associado a determinadas coisas, sobretudo, se a coisa não é boa e a autoria não é sua. Não é agradável para ninguém ter seu nome, sua imagem, sua reputação ligada a algo desonroso, reprovável. Portanto: “Oh, ovelha desgarrada, não resista ao Senhor, não endureça o seu coração, e volte para a casa de Deus o mais rápido possível. Não impeça a realização de uma festa no céu que será feita em comemoração pela tua volta” (Lucas 15. 7), só porque você acha que será julgada antes mesmo de saber a real intenção das demais ovelhas.
E assim, chegamos ao final destas considerações, e esperamos ter feito uma abordagem clara sobre a frase e sua relação com os personagens da parábola de Lucas 15. 4-7, para em seguida deixar dois conselhos:

1 – Primeiro, você que ficou na igreja. Não julgue, não dê motivo para as pessoas permanecerem longe de Cristo. Não seja pedra de tropeço, não seja impedimento para o retorno de ninguém. Continue cooperando com o servo de Deus que exerce pastoreio sobre você, bem como coopere com o Pastor Jesus. Receba bem aqueles que querem retornar. Ainda que seja doloroso saber das aventuras e desventuras do irmão desgarrado. Mesmo que você saiba ter passado vergonha por causa de alguém, transponha o teu possível orgulho e ajude a ovelha perdida voltar a caminhar com as próprias pernas.

2 – E para você que por ventura se encaixe na situação de ovelha perdida. Entenda que quem se desgarrou foi você, e, portanto, é você quem precisa se arrepender, não as noventa e nove. Não seja mais motivo de preocupação para o Sumo Pastor, mas se torne um motivo de alegria e festa no céu (Lucas 15.7). As desculpas podem até te dar um conforto na consciência, aliviar a culpa, mas já pensou em perguntar a Deus se a desculpa vai "colar"? Não ceda mais à tentação de ficar no deserto. “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não endureçais os vossos corações. Como na provocação, no dia da tentação no deserto (Hebreus 3. 7,8)”. Medite neste texto que retrata bem a triste situação de uma ovelha rebelde e resistente à voz de Deus. Pense nisso, pare com as desculpas e volte já, pois, longe de Cristo só você perde.


Imagem: Créditos ao blog http://blogs.diariodonordeste.com.br/egidio/fe-em-deus/evangelho-de-hoje-mt-1812-14-3/. Acesso em 15 de agosto de 2018.

Comentários

  1. Sábias palavras!...
    De fato, o motivo do retorno ou da permanência, deve Cristo e não as pessoas.

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  2. Se as pessoas pensarem na opinião de terceiros vão ter muitos problemas.

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  3. Certamente. Se de um lado as pessoas devem receber quem se achega, por outro, os que precisam voltar para o Senhor precisam entender a sua condição.

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  4. Eu penso que ovelha que é ovelha e é ovelha "raiz", não dá problemas. As noventa e nove ao meu ver eram ovelhas raiz. Voltaram juntas, ficaram juntas e mesmo quando o pastor precisou dar assistencia PERMANECERAM juntas (é a UNIDADE do corpo de Cristo). Essas ovelhas não andam segundo o conselho dos impios ou alheios, não dão ouvidos para escarnecedores (Sl. 1:1-3), são atentas ao evangelho, conhecem as escrituras (como os crentes de Beréia), são obedientes, submissas, se alimentam de bons pastos (palavra), bebem água fresca (são cheias do Espirito Santo), principalmente não olham para o mundo, sem falta do mundo, cobiçam as coisas do mundo o que de certa forma fazem com que essas ovelhas, acabam dando uma "saidinha" por "atalhos" que as conduzm ao mundo, e, estando lá ouvem a voz do "acusador" de que as outras estão lhe olhand "torto". Ou seja, sua propria consciencia o julga por si mesma, e assim como Adão depois de pecar, e estar em corpo agora humano diz: Ah! a mulher que tu me deste me enganou, e eu comi!!! Essa ovelha faz a mesma coisa, as noventa e nove estão me julgando!!!!

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    1. Excelente análise. Observe que Jesus não repreendeu as noventa e nove ovelhas, mas se alegrou com a que foi encontrada. As noventa e nove não lhe trouxeram tristeza. A tristeza era por causa daquela desgarrada.

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