Por Sergio Aparecido Alfonso
Antes
de falar das eleições municipais que estão chegando, quero deixar
claro que depois de publicar este artigo, de opinião pessoal, vou
trocar de computador e também de celular. Já estou avisando porque
pode ser que alguém tente me processar por injúria, calúnia e/ou
difamação, que são os crimes contra a honra. Mas quero também
deixar bem claro que quem se sentir ofendido com o que vou escrever
aqui, na verdade estará vestindo a carapuça, portanto, nem ligo
para a suposta honra dessa pessoa; certamente ela não tem. Também
vou trocar meus equipamentos porque pode ser que o inquérito ilegal
do STF acabe por concluir que eu estou espalhando "fake news"
e a PF pode ser mandada para a minha casa às 5 horas da manhã,
fazer o congelamento da porta da sala, para às 6 horas me acordar,
mas como vou trocar os equipamentos, ficarão somente com a
publicação como prova. Mas não é fake news o que vou postar aqui,
e sim, uma crítica e manifestação de receio do que pode vir a
acontecer com o dinheiro público. Tudo, é claro, com base no
cenário que estamos acostumados a ver nos noticiários das mídias
tradicionais e alternativas. Então:
As
eleições vêm aí, ou pode ser que venham. Existe a probabilidade
de que elas aconteçam neste ano de 2020 com uma margem de erro de 95
pontos percentuais, para mais o para menos. Fato é que se acontecer,
por causa da pandemia do coronavírus COVID-19, teremos muita "prudência e sofisticação" durante a campanha. Em todos os rincões
deste meu Brasil varonil, os candidatos aos cargos de vereador e
prefeito de cada cidade, sairão de casa para fazer campanha. Sim,
sairão, sem hash tag fica em casa nessa hora. É por isso que apesar
do clima de terror que a imprensa coloca dentro de nossas casas com
suas notícias tétricas, as quarentenas estão sendo aliviadas.
Assim, os candidatos estarão livres para circular pelas cidades e
fazer o seu corpo-a-corpo. A quarentena flexibilizada respalda os
políticos para que quando chegar a época de fazer convenções
partidárias e posteriormente as campanhas, a imprensa não venha a
dizer aquela célebre frase "contrariando as recomendações da
OMS".
Sobre
a "prudência e a sofisticação", bem, os candidatos poderão, sem o
menor peso na consciência, deixar de fazer o que eles faziam, mas
que nunca gostariam de ter feito, tipo: Abraçar pobres e pessoas com
cheiro de suor;
cumprimentar com um aperto de mão aquele catador de papelão, pegar
criança catarrenta no colo; tirar selfie com com gente feia,
descabelada e desdentada, etc. É que, apesar de ter ocorrido a
flexibilização da quarentena, a desculpa do distanciamento vai
colar bem. Afinal, o candidato é uma pessoa preocupada com a saúde
do povo. Esta última frase é ironia, tá bom? Eles não estão
preocupados com nada, a não ser com o próprio umbigo. Por isso eles
não vão te abraçar; é para não ter o risco de entrar vírus no
umbigo deles. Fora isso, eles farão muitas promessas, porém, sempre
com uma reticência, uma desculpa engatilhada. Por exemplo, o
servidor público será o bode expiatório de todos os pecados
cometidos pela gestão. Toda falta de dinheiro para obras,
investimentos, educação e, sobretudo, saúde, será culpa do
salário do servidor.
Então
preste atenção; Quem já encontrou um culpado antes de conhecer
pessoalmente o funcionamento da gestão, te passou um recibo de
incompetência antecipadamente. É verdade que alguns servidores são
meros pesos para a administração pública, mas na grande maioria
eles são aplicados, competentes, preocupados, e são eles a longa
mano do
Estado. Eles quem irão te atender, fazer o máximo esforço para
sanar tuas dúvidas e problemas, e ainda dar justificativas para
salvar a pele daquele que te traiu. E por que o servidor público vai
dar justificativas? Por questões éticas, bem como, por receio de
retaliação. Mas o fato é que muitos dos futuros ocupantes dos
gabinetes farão exatamente o que igualmente muitos dos atuais estão
fazendo: Desvio de recursos públicos, fraudes em licitação,
distribuição de cargos comissionados para apaniguados entre outros
descalabros.
E
ainda teremos
o rio de dinheiro que será injetado nas eleições municipais deste
ano. Serão as eleições mais ricas da história, por vários
fatores; três bilhões de reais só de Fundo Especial de
Financiamento de Campanhas (FEFC); depois, a atipicidade deste ano,
temos outros bilhões de reais injetados na saúde por causa do
COVID-19. A pandemia foi usada por governadores e prefeitos em seus respectivos territórios de gestão, para decretar
estado de
calamidade pública. E
para que serve isso? Basicamente para fazer muitos gastos ditos
emergenciais com equipamentos e insumos sem precisar fazer licitação,
nem mesmo livro de registro de preços para uma orçamentação
minimamente confiável. Esse tipo de decreto permite gastar o quanto
quiser da forma que quiser.
Esses
recursos estão gastos com superfaturamento de hospitais de campanhas
e de respiradores mecânicos e outros serviços e equipamentos
destinados à área da saúde. Os respiradores são um caso à parte,
pois, além de preço fora do praticado no mercado, alguns foram
comprados, pagos, mas não entregues. E a pergunta que fica é: Foram
comprados mesmo, ou foi só mais um dos subterfúgios para ocultar
erário para gastos na campanha eleitoral? E ainda temos os 126
bilhões sancionados pelo presidente Bolsonaro, em 28 de maio de
2020, para socorrer estados e municípios em função das perdas na
arrecadação do ICMS e ISSQN, durante o vigor dos decretos de
quarentena. Não é à toa que na última semana, ou seja, do dia 25
de maio para cá, a Polícia Federal deflagra uma operação por dia,
para tentar coibir o desvio de recursos federais, praticados por
governadores e prefeitos.
Dito
isso tudo, sem a menor pretensão de esgotar o assunto, aconselho
você a pensar bem antes de decidir em quem vai depositar o teu voto.
Tanto os recursos destinados à saúde, como os recursos destinados
ao socorro e compensação das perdas de arrecadação de estados e
municípios e ainda, o fundo eleitoral, foram aprovados por
congressistas, enfim, parlamentares, sem levar em consideração os
argumentos da equipe econômica do governo federal que gerencia o
tesouro nacional, de onde vai sair cada centavo tirado de mim e de
você, através dos impostos que pagamos a duras penas. Mas sem pena
de nós, sem responsabilidade nenhuma, os parlamentares decidiram
aprovar cerca de meio trilhão de reais para que suas bases
eleitorais tivessem bastante dinheiro para gastar.
Procure
saber se o candidato em quem você vai votar é apoiado por um desses
parlamentares, que irresponsáveis, uma parte considerável deles tem histórico de malversação do dinheiro público, ou corrupção clássica mesmo. Eles, na verdade, deram um cheque em
branco para gestores e candidatos locais esbanjarem o dinheiro dos
impostos que todos nós pagamos. Boa parte dos candidatos a prefeitos
e vereadores serão apoiados por eles, e outros candidatos a prefeitos serão eles mesmos. Muitos dos atuais gestores,
bem como outros muitos futuros candidatos são corruptos conhecidos. Então, respeite o próprio esforço feito para financiar o Estado, se não,
respeite pelo menos os
esforços dos outros cidadãos. Quando você vota em alguém, você
dá a ele uma autorização, quiçá uma ordem para fazer coisas por
você. Devolver cargo de gestor político ou dar esse cargo por meio do voto, a alguém que cometeu crimes contra a administração pública, seus aliados e apoiados, é colocá-la risco de novo. Os atos de corrupção e desvio de recursos poderão se repetir. Portanto, quem vota numa pessoa que é conhecidamente
corrupta, ou aliada de corrupto, não é um eleitor, é mandante de um crime.
Em
tempo, é fake news que vou trocar de equipamentos; não tenho
dinheiro para isso nem medo de represália; não há crime neste texto, só um alerta contra crimes. Estou tranquilo e muito calmo nesta hora.
Excelente texto com uma oportuna reflexão acerca do malversarção de recursos públicos no cenário atual (saúde, políticos, pandemia) e sua intrínseca ligação com as eleições municipais iminente.
ResponderExcluirA ideia é que todos possamos, se for o caso, fazer um mea culpa. Pensar muito antes de votar.
Excluir