Por Sergio Aparecido Alfonso
Introdução
Apesar de o nosso texto-base não
falar especificamente de fim do mundo, mas da esperança que devemos
ter em Cristo, não podemos deixar de notar que o retorno de Jesus
está contido no texto. Mas o apóstolo Paulo nos convida a pensar em
alguns aspectos que não podemos deixar de falar a partir deste texto.
Portanto, vamos tratar dos mais notáveis neste pequeno sermão
escrito. São eles, o senso de urgência para com a volta do Senhor;
a esperança para com a salvação dos que dormem no Senhor, a
ressurreição dos mortos, o arrebatamento da igreja do Senhor, e a
garantia de vida eterna para os que estão em Cristo Jesus.
Texto-base
1º Tes. 4. 13-18
13 Não queremos, porém, irmãos,
que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos
entristecerdes como os demais, que não têm esperança. 14 Pois, se
cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante
Jesus, trará, em sua companhia os que dormem. 15 Ora, ainda vos
declaramos, por palavra do senhor, isto: nós, os vivos, os que
ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que
dormem. 16 Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem,
ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos
céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; 17 depois, nós,
os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles,
entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos
para sempre com o Senhor. 18 Consolai-vos, pois, uns aos outros com
estas palavras.
I – Consciência das coisas
vindouras e a esperança preservada
Através
desta carta, Paulo dá uma série de instruções para os
tessalonicenses. Sua preocupação vai desde guardar a santidade, o
exercício do amor fraternal, e
a volta do Senhor que será rápida e surpreendente, entre outras
questões. Mas ele também fala sobre a necessidade de concentrarmos
o emprego de nossas energias naquilo que realmente importa. Ou ao
menos, não gastarmos nosso tempo em causas que fogem de nossa alçada
e que na maioria das vezes já estão resolvidas. Uma dessas causas
que nos aflige é o futuro dos nossos entes queridos que já se
foram. Quantas e quantas vezes nos pegamos a pensar sobre o destino
eterno dos nossos familiares, amigos e parentes que
já morreram! Ou
como disse Paulo, já dormem.
Não
se discute aqui a legitimidade de tais preocupações, mas se trata
de pensar em um Deus justo, que já determinou o que deve acontecer
na eternidade, e nada poderá mudar essa determinação. Nossos
esforços não poderão alterar os planos de Deus. Para cada tipo de
ação, ele já reservou uma reação. Ou
seja, para quem com ele viveu, a vida eterna é garantida e ninguém
pode tirar. Portanto,
precisamos ter a consciência das coisas de Deus e seus desígnios.
Conhecer a Deus e seus propósitos nos poupa uma enorme gama de preocupações, e faz com que passemos a nos ocupar daquilo que
realmente importa.
1. Os que morreram em Cristo,
estão a salvo
Os
que morreram em Cristo, o nosso texto diz que ressuscitarão no dia
do Senhor. É claro que gostaríamos de ter notícias, alguma
informação mais contundente. Nossa
natureza humana, e, de apego, gostaria de ouvir uma palavra audível,
de preferência ouvida por outras testemunhas, de que nossos entes
queridos estão bem. É natural que isso aconteça. Mas nós
não podemos mais viver como seres naturais, ao menos não podemos
mais nos guiar pela natureza materialista, mas sim, pela via
espiritual. É verdade que nossas preocupações virão. Mas,
precisamos
nos fiar no fato de que quem prometeu a salvação é fiel e justo
para cumprir o que prometeu.
a)
A tristeza pelos que morreram não deve tirar a nossa paz
De
acordo com a psiquiatria e a
psicologia, a depressão do
luto pode durar até dois anos, se passar disso, é caso de
acompanhamento e tratamento. Não é normal alguém passar desse
período sentindo a tristeza aguda de uma perda. Veja, se uma ciência
natural, a medicina, descoberta de seres humanos, já faz um
diagnóstico desses, muito mais autoritativo é um conselho bíblico.
A tristeza e a depressão, bem como a preocupação permanente com os
que já morreram, de acordo com Paulo, se dá em função da
ignorância em relação ao destino dos que dormem. Há aqueles que
perdem a paz pensando nos que já se foram. E o interessante é que
se perguntarmos para os cristãos que estão nessa situação, se
eles acreditam na salvação, e se têm certeza dela, todos
responderão que sim, acreditam e têm certeza de
sua salvação. Depois,
se perguntarmos: o que te dá essa certeza toda? A resposta será: O
senhor Jesus me dá essa garantia, porque é ele quem salva. Então,
pergunta-se: O teu familiar era do Senhor, quando morreu, era um
servo fiel ao Senhor, ele realmente entregou a sua vida ao Senhor? Se
a resposta for um resoluto sim, a próxima pergunta é: Se você tem
certeza da salvação, por que você duvida tanto da salvação dos
teus, se eles foram tão sinceros quanto você foi? O
mesmo Jesus que tá dá garantia da salvação não dá a mesma
garantia para o teu familiar? Portanto, se estamos em paz com a nossa
salvação, podemos ter certeza de que o mesmo Deus que deu seu Filho
para morrer em nosso lugar, o fez também pelo nosso familiar. Fique
em paz, os que dormem no Senhor estão com o Senhor e ninguém os
arrebata.
b) O Senhor ressuscitará os que
dormem
O
verso 14 diz que Jesus morreu e ressuscitou, e que Deus, mediante
Jesus, trará em sua companhia os que dormem. Ou seja, o próprio
Jesus, trará ao seu lado aqueles que morreram com a esperança
firmada em Cristo. Não há
maior garantia que esta. Não só o Senhor os ressuscitará, mas
também os trará para o dia do arrebatamento. Nós veremos cada um
naquele dia, acompanhado por Jesus. Não estarão sós, não estarão
perdidos, mas virão com Jesus. Ele pessoalmente estará com eles
naquele dia, ao passo que “nós os vivos” (sic), seremos
arrebatados na sequência. Portanto, a alegria deve tomar conta do
nosso coração ao tomarmos conhecimento destas notícias. A
ignorância que nos traz tristeza tem que ser desfeita diante desta
tão boa informação. Uma vez desfeita a ignorância, a tristeza
deve partir imediatamente e a alegria igualmente veloz deve passar a
habitar os nossos corações. Se não fosse muito, nossos entes
queridos estarem dormindo no Senhor, no dia do arrebatamento estarão
vivos e em sua companhia numa alegria completa.
2. Os que dormem no Senhor têm
primazia
Interessante
notar que os que dormem no Senhor não só vão ressuscitar, porque
têm a garantia do Senhor, mas antes mesmo de nós sermos vivificados
eternamente com Cristo, seremos precedidos pelos que já morreram. Ou
seja, a ressurreição deles acontecerá antes de nós passarmos pela
transformação que Cristo nos fará. O Senhor vai trazê-los de
volta à vida, vai dar corpo glorificado, vai eternizá-los na sua
nova condição, e enquanto isso, nós assistimos tudo acontecer para
depois o Senhor tratar conosco. Sendo
assim, por que nos afligirmos pelos que estão em Cristo, se com eles
tudo está bem? Não se use isso para inveja, mas para se ter a
certeza de que com eles
tudo está melhor do que
pensamos. Cada detalhe conhecido a respeito da volta de Cristo e sua
atuação para com aqueles que já dormem, é para alimentar nossa
esperança, e nos fortalecer nessa mesma esperança, que é pautada
na promessa do Senhor. É a
Bíblia dizendo isso.
II. Censo de urgência
Mas existe algo que Paulo deixa
transparente nesse texto, que muitas vezes deixamos passar ao largo.
É o senso de urgência. Enquanto ele advertia sobre a ignorância em
relação à situação dos que dormem no Senhor, ele também trata
sobre algo muito importante. Para Paulo e sua geração a volta do
Senhor era para muito breve. Os primeiros cristãos acreditavam que o
Senhor voltaria no seu tempo. Não há espaço nos escritos
apostólicos para deixar de pensar na urgência da volta de Jesus. É
por isso que em 30 anos, todo o mudo daquela época foi evangelizado.
E assim, por várias e várias gerações, os cristãos esperavam o
arrebatamento para qualquer momento. Dentro desse senso de urgência
Paulo vai escrever com a preocupação em alguns focos, entre eles: A
busca pela santidade, a vigilância, o amor fraternal e a volta
repentina do Senhor.
1.
Nós
os vivos
Tendo em vista que para Paulo a volta
do senhor era iminente, não havia tempo a perder. Os crentes não
podiam viver de qualquer jeito. Nos versículos anteriores pode ser
verificada a exortação a vários procederes santos. Mas o que nos
leva a entender sobre o senso de urgência de Paulo, é que ele
menciona a expressão “nós, os vivos”, ao menos duas vezes de
forma explícita – versos 15 e 17 – e uma implícita no verso 16.
Ou seja, para ele o arrebatamento ia acontecer naqueles dias. Por
isso, em suas cartas há sempre a preocupação com o amor fraternal,
a correção da igreja, a exortação aos fracos, e revisitação aos
campos já evangelizados. O texto-base em comento não deixa a menor
dúvida de que a geração de Paulo trabalhava com a possibilidade da
volta de Cristo para os seus dias. Não passava pela sua cabeça e
nem da dos demais irmãos, relaxar com as coisas de Deus. O preparo
era constante, a vigilância era total, a guarda alta, a volta de
Cristo levada a sério em todos os momentos. E nós? Onde foi que
paramos de acreditar na volta de Cristo e passarmos a viver como se
ele não mais fosse voltar? Será que temos em mente essa preocupação
com a urgência? Muitos de nós estão preocupados com o tempo em que a aposentadoria vai chegar, outros fazendo planos para longo prazo. Há pessoas pensando a vida para daqui 40 anos. Mas para Paulo e os cristãos do seu tempo a volta de Cristo era para aqueles dias. Isso se nota pela forte convicção de que eles estariam vivos quando do evento do arrebatamento. Portanto, prepare-se para o dia do Senhor, pode ser hoje.
2. Os outros vivos
No
versículo 9 do capítulo 1, Paulo fala sobre o fruto da inserção
dos apóstolos em meio aos tessalonicenses. Sobre os reflexos da
palavra na conversão daqueles irmãos. O senso de urgência de Paulo
fazia isso. Num dia passava evangelizando, noutro, mandava cartas
instruindo, corrigindo, educando. Mas é marcante a sua preocupação
em pregar a palavra de Deus por onde quer que ele passava. Paulo
estava sempre aproveitando as oportunidades, para ele não havia
tempo a
perder. Por isso ele prega e orienta a Timóteo a
também pregar, instar a tempo e fora de tempo (2 Tim. 4.2). Era
rugente, ele queria que todas as oportunidades fossem usadas para que
não desse tempo dos dias maus, onde os homens fossem
buscar as palavras que soassem como coceira nos ouvidos, ou que as
fábulas lhes arrebatassem do coração a sã doutrina. Isso deve ser
feito no nosso tempo também. Precisamos acreditar que o Senhor
voltará a qualquer momento, e a pregação do evangelho para todas
as pessoas deve acompanhar a nossa esperança na volta de Cristo.
III. Consolo
Paulo
encerra esse texto com o verso 18 onde ele diz que as palavras em
questão devem servir para que os tessalonicenses se consolassem com
a esperança de que os que dormem em Cristo estão bem. Mas não só
isso. Os leitores deveriam também se consolar com o fato de que se
de um lado os que dormem no Senhor estão bem e voltarão com Jesus
no dia do arrebatamento, os vivos, que estão vivos com o Senhor,
terão igual sorte na eternidade. A grande questão trazida por Paulo
é que os que já se foram de nós para o Senhor, um dia serão
reunidos em um só rebanho conosco no mesmo lugar, ou seja, ao lado
de Jesus. Essa notícia deve nos impulsionar a trabalhar pela conversão dos nossos demais ente queridos. Assim, aumentamos nossa paz. Consolarmo-nos com a salvação dos que já foram e nos estimularmos para que a mesma esperança ocorra em relação aos que ainda estão conosco. Consolo sobre consolo.
Conclusão
Um
dia, todas as nossas lágrimas serão enxugadas, nosso choro cessará,
nosso clamor não será mais necessário, nossa dor se acabará, as
primeiras coisas, as coisas que nos afligem passarão (Ap. 21.4) e
Deus nos dará nova vida. Primeiro os
que morreram, que hoje nos trazem tanta angústia, serão
ressuscitados e glorificados em novo corpo, depois nós, seremos
igualmente glorificados, para enfim sermos arrebanhados e reinarmos
com o Senhor. Se você crê que Deus o ressuscitará no grande dia,
porque você entregou a tua vida a Ele, então creia que o mesmo se
passará com os teus entes queridos que já dormem no Senhor. A
partir daí, siga em frente, pois, o Senhor tem muitas outras ovelhas
para reunir no seu aprisco. Nada
há por se fazer pelos que já se foram, a não ser se alegrar com a
viva esperança de que estão com o Senhor. Quanto a nós
que ainda estamos aqui, nossa preocupação deve ser a de ir atrás
dos mortos-vivos, que ainda dormem por aqui, mas não no Senhor, e
andam carentes do conhecimento da sua salvação. Com eles nosso tempo deve ser empregado, para que a urgência do tempo de vida curta de hoje seja substituído pela abundância do tempo da vida eterna.
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