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Obreiro que estuda é aprovado


O Senhor DEUS me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem. (Isaías 50.4).

Uma das coisas que me incomodam - e digo isso porque é uma preocupação pessoal - é o fato de que algumas pessoas parecem louvar a falta de apreço pelo aprendizado. Não parece que isso seja o que o Senhor espera de nós. É verdade que se olharmos para o evangelho segundo Mateus, capítulo 11, versículo 6, Jesus diz: "Os cegos vêem, os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho". Mas Veja bem, o Senhor usa o termo "pobres" não cultivadores da ignorância. Mas haverá quem diga que os apóstolos eram pessoas iletradas, sendo que os fariseus mesmos assim os reconheceram quando de uma audiência no Sinédrio (Atos 4.13). É mais uma falácia usar a referida passagem para justificar a acusação de que os apóstolos fossem analfabetos, muito menos ainda pode se dizer deles, pessoas que não cresceram em conhecimento da palavra de Deus. O termo indoutos e sem letras a que se refere Atos 4.13, diz respeito a homens comuns, não versados na lei judaica, bem como, não treinados formalmente pelos rabinos. Mas o texto também diz que os fariseus entenderam que os interrogados em questão, estiveram com Jesus.
Mas ainda poderão insistir, que Pedro era uma pessoa de pouca escolaridade, e mesmo assim era um homem de muito sucesso nas mãos do Senhor. Bem, jamais se tenta negar que Pedro tenha sido usado maravilhosamente por Deus, apesar de sua rudeza. Mas afirmar que ele fosse analfabeto, é puro preconceito. Os meninos, na cultura judaica, eram treinados nas sinagogas em ciências, como, idioma, legislação judaica, astronomia e matemática entre outras. Ocorre que os que se destacavam na letras judaicas, eram incentivados a continuar os estudos "aos pés" de algum mestre, como foi o caso de Paulo, aos pés de Gamaliel (Atos 22.3). E por fim, não querendo esgotar o assunto, é de bom juízo lembrar que Pedro e os demais apóstolos, e não poucos discípulos, estiveram aos pés de Jesus. Eles não estiveram nas escolas farisaicas, e por isso, não foram reconhecidos como ex-alunos, eis a razão para serem chamados de indoutos. Mas eles aprenderam as letras da palavra viva com o melhor Mestre. Os apóstolos foram alvos de um investimento de tempo, ensino, disciplina e doutrinamento. Quando estiveram com o Senhor, foram o tempo todo instruídos. 
Assim, reforçando o que já foi dito sobre Atos 4.13, os sacerdotes estavam se referindo ao fato de que os apóstolos não foram formalmente instruídos sobre as leis judaicas, eram homens simples, comuns, e por isso mesmo eram surpreendentes em suas pregações e alegações. Eles causaram admiração nos fariseus, os especialistas. Outra questão a se pensar, foi que Jesus disse aos seus discípulos que não se preocupassem com o que diriam diante dos tribunais (Mateus 10.19), porque o Espírito Santo os instruiria sobre o que dizer, na mesma hora em que estivessem sendo interrogados, ao serem presos pela causa de Jesus. Isso explica o brilhantismo das respostas dos apóstolos durante o interrogatório no Sinédrio. 
Algumas pessoas usam essa passagem para justificar a sua desídia em relação ao aprendizado e estudo da palavra de Deus. Por isso mesmo, se aventuram em discussões pouco produtivas, pregam fora do contexto, e acabam passando vergonha. Quando o Mestre Jesus se referiu à instrução que os discípulos receberiam do Espírito Santo, falava do momento em que os seus discípulos caíssem nas mãos de seus acusadores e julgadores. Essa passagem não se refere à pregação da palavra para fins de evangelismo, ou instrução na igreja. Para responder às acusações, o nosso Consolador se encarrega. Mas para pregar, é preciso estudar.
É bem verdade que a formalidade sem a atuação do Espírito Santo não passa de uma palestra de curiosidades sobre a bíblia. Por outro lado, não se pretende com este artigo exigir que as pessoas sejam todas teólogas, ou formalmente eruditas. Também não se defende a exclusão dos pouco escolarizados da pregação do evangelho, pelo contrário, é preciso reconhecer o grande avanço e frutos obtidos com a contribuição das pessoas de pouca escolaridade. O que se pretende é incentivar as pessoas, apesar da pouca escolaridade, ou mesmo as formalmente instruídas, a melhorarem suas percepções sobre a palavra de Deus, sua busca pelo conhecimento de Deus, sem o qual, as pessoas são destruídas, e rejeitadas para ministrar diante do Senhor (Oseias 4.6). É preciso ter familiaridade com a bíblia, conhecer e estudar a palavra o tempo todo. Estar preparado para cada tipo de situação que se apresentar.
O nosso texto-base diz que o profeta recebeu de Deus uma língua erudita, ou seja, de cultura variada, conhecimento diferenciado. A erudição se obtém, sobretudo, por meio da leitura, do estudo. O profeta também pedia a Deus que o despertasse para que tivesse os ouvidos atentos como os ouvidos dos que aprendem. Ou seja, Isaías se postava como alguém que estava interessado na busca do conhecimento da palavra de Deus, e não no improviso. Aprender era seu interesse, e deve ser do nosso interesse também. E é preciso lembrar que a bíblia tem muitas palavras em estilo ainda arcaico, com significados rebuscados, muitas vezes. Outras palavras apresentam certo grau de dificuldade para a sua aplicação, tendo em vista o seu uso e significado nas línguas originais. Até mesmo os tradutores e os formalmente eruditos, quando em vez, precisam fazer revisão de seus escritos para corrigir uma ou outra colocação. 
Portanto, estudar sempre, usar material auxiliar para melhor compreensão do texto lido, fazer uso de um comentário bíblico, ou mesmo ler bíblias de estudo, pode e será de grande valia para o aprendizado por parte do pregador. Como dito anteriormente, não se quer desprezar o trabalho dos pouco escolarizados, nem privá-los de pregar, mas incentivar a todos, independentemente do grau de escolaridade, para que se inteirem corretamente da bíblia e seu conteúdo. E assim, evitar equívocos.
É dever de todo cristão, apresentar-se como obreiro que não se envergonha, que é aprovado e que manuseia bem a palavra da verdade (2º Tim. 2.15). Manusear, ou manejar bem a palavra, não é usá-la para manipular pessoas, para simplesmente decorar versículos, ou apenas saber os endereços e referências de textos bíblicos. Mas é ter sabedoria e zelo para no tempo oportuno ter uma palavra para cada situação, ou como disse o profeta em (Isaías 50.4), a seu tempo, dar uma boa palavra ao cansado. Há muita gente cansada com muitas coisas. O ser humano está cansado de lutar, cansado pela dor, pelo sofrimento, pela desesperança, pelas perdas, pelas portas fechadas, enfim, muita coisa cansa muita gente. Busquemos a erudição na palavra para corresponder à expetação ardente da criação que aguarda a manifestação dos filhos de Deus (Rom. 8.19). Os filhos de Deus precisam manifestar a Glória do Pai, a seu tempo, aos cansados. Que Deus nos abençoe a todos no cumprimento dessa missão.

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