Por Sergio Aparecido Alfonso
Texto-base Mateus 5. 11,12.
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
O título do nosso texto é uma pergunta: O que responder diante de uma agressão por ser Cristão? A resposta é instantânea e sem necessidade de muita elaboração. "Não se responde nada". Isso mesmo. Deixe teu agressor falando sozinho. Se por ventura surgir outra oportunidade, em situação mais calma, aí o cristão tenta buscar a paz com aquele que o ofendeu. Dito isto, agora sim, vamos aos argumentos do porquê se apaziguar as coisas pelo silêncio. Afinal, mostrar os motivos de se calar melhora a percepção sobre o comportamento a ser adotado quando alguém está propondo um confronto.
Assim, por mais tentador que possa ser, não tente corrigir quem praticou a ofensa. Ele não desferiu palavras agressivas porque estava querendo manter uma porta de diálogo, mas queria estabelecer uma discussão desnecessária, e talvez, tentava conduzir o cristão a um ato de destempero. Pode estar certo disso, por mais suave que a agressão pareça ser, não há inocência envolvida. Normalmente as pessoas tentam esconder que existe a intenção de um enfrentamento. Mas fica claro que se trata de um ataque, quando se usa palavras ferinas acompanhadas de acusações do tipo: "E ainda se diz cristão"; O que a bíblia não faz com a pessoa"! "Será que Jesus pensava assim"? Entre outras frases acusadoras.
A questão é que algumas pessoas se incomodam com outras pelo simples fato de essas outras serem cristãs. Há casos em que as agressões são bastante ostensivas. São injúrias bem caracterizadas, como, chamar o cristão de idiota, imbecil, um trouxa que dá dinheiro para o pastor, um otário que acredita em um livro escrito na antiguidade por um monte de analfabetos. Às vezes, são desferidas acusações até caluniosas, como charlatanismo, apropriação indébita, pastores acusados de ser estelionatários, entre outras, para tentar atingir o cristão que está presente na hora.
O interessante é a gratuidade dos gestos, palavras e ações hostis. Muitas vezes, o cristão passa por perseguições quando está evangelizando. Num pequeno ato de passar um panfleto com textos bíblicos já ocorrem chacotas, zombarias e até xingamentos. Na maioria das vezes, quando se fala em perseguição, o primeiro pensamento que vem à mente, são os missionários sendo maltratados em países onde a pregação do evangelho é proibida. Mas no Brasil, país livre para cristãos, a intolerância e as perseguições são constantes. Algo que surte um efeito humilhante, por exemplo, são os universitários em geral, independentemente da idade, zombados por professores na faculdade. A impressão que dá é que quando se descobre que o universitário é um cristão que leva Jesus a sério, o discurso anticristão se inflama mais ainda.
O professor emprega o seu conhecimento e autoridade sobre os alunos, para ridicularizar a pessoa do religioso. E com isso, não raras vezes, consegue arrebanhar entre seus alunos, novos zombadores. Muitas vezes, o docente usa de fundamento teológico distorcido, e de textos bíblicos fora de contexto, e nos quais não acredita, para desqualificar a igreja e os cristãos diante dos demais. Chama os cristãos de opressores, Deus de malvado, Jesus de socialista, além de outras interpretações errôneas, e erros cometidos na história, para dizer que a bíblia é falha, que o cristianismo é um instrumento de dominação, que as missões e os missionários são meios de colonização e escravização etc.
Isso falando em situações presenciais. Já com o advento da internet e da popularização do uso das redes sociais, a situação piorou. E é ainda mais acentuadamente quando se fala de questões políticas e sociais. Se o cristão se pronuncia sobre algo, o "oponente" vai no perfil, ou analisa a linha do tempo. Ele vai verificar se o cristão se declarou assim no perfil, ou na BIO, como queira, ou então, vai ver quantos versículos bíblicos a linha do tempo contém. Uma vez constatado que se trata de cristão, e que se identifica com a ideologia política de direita, bem como, conservador de costumes e comportamentos, pode contar que o "combo" é perfeito para xingamento e perseguição.
Ainda que a intenção tivesse sido apenas de comentar sobre um tema político ou social, a cristandade vai ser chamada a entrar em debate. Discutir a autenticidade do cristão não é uma escolha dele, é uma característica que o agressor decidiu trazer à baila. Principalmente se o cristão decidiu se pronunciar sobre pautas morais e éticas.
Mas se o cristão for de ideologia de esquerda, e tiver viés progressista, esse passará incólume. O cristão progressista se encaixa no perfil que agrada. Porque para ele, tal como para os intolerantes ao cristianismo, as questões morais e as éticas não são importantes. O aborto não é infanticídio, o adultério não é pecado, a corrupção não é crime - desde que os recursos desviados atendam à causa - as drogas são apenas substâncias de uso recreativo, os privilégios para acessar determinados serviços são "políticas de afirmação social", cobiçar e expropriar a propriedade alheia é justiça social e distribuição de renda.
Portanto, não vale a pena revidar nem responder a uma agressão. Como se vê no parágrafo acima, você pode acabar tendo como opositor, até os da casa. Só que o melhor, "a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira" (Provérbios 15.1). Às vezes não haverá uma resposta mais branda do que o silêncio. Enquanto a explicação para o teu posicionamento poderá ser interpretada como palavra ríspida, e será usada como se fosse uma afronta. A crítica à opinião de alguém, é mero pretexto, quando se busca certificar-se da sua condição de cristão. A intenção principal é a animosidade por motivo religioso. Tentar dar uma explicação poderá levantar uma celeuma. Alguém já sentenciou: Não se justifique. Para amigos não precisa, e os inimigos não acreditam.
Lembre-se, Jesus disse que é uma bem-aventurança sofrer injúrias e perseguições por e pela causa de Cristo. Por um lado, é desonroso ser perseguido ou injuriado por ser cristão, mas não corresponder ao padrão moral que a cristandade requer. Por outro, ser igualmente perseguido e injuriado por sua convicção e firmeza diante de Deus e dos homens, é uma felicidade.
O agressor não usa de muitos argumentos. Ele se fia apenas nas ofensas que sabe pronunciar. Não importa a qualidade dos argumentos contrários, a intenção é apenas menosprezar, ofender, agredir, vexar, expor ao ridículo e conseguir um adversário para o bate-boca. Ainda que o cristão tenha os melhores argumentos, de nada vai adiantar. A intenção não é o debate, é a briga. É buscar na cristandade uma forma de dizer todo o mal contra o cristão. Ainda que use de discurso falacioso, o que promove a ofensa se engana e tenta acreditar na mentira de que está sendo honesto nas suas palavras desabonadoras.
Ao verso 12, Jesus disse que os profetas que viveram antes dos seus ouvintes também sofreram injúrias e perseguições. Mas na bíblia consta a história de cada um dos profetas, e a Escritura Sagrada diz que Deus cuidou de cada um deles. Quando no mesmo versículo Cristo cita que grande será o galardão dos perseguidos e injuriados pela sua causa, ele está lembrando aos discípulos que esse mesmo cuidado já ocorreu no passado, portanto, não falharia para eles. O mesmo vale para nós. Nosso galardão não está na melhor coleção de argumentos e retruques aos ataques. Nosso galardão é prometido por causa do nosso comprometimento com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Que Deus nos abençoe e nos ajude a agir com mansidão, sempre.
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