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Deus trabalha para quem confia nele

Por Sergio Aparecido Alfonso

Texto-base Isaías 64.4

Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera.

Deus é eterno, Deus é trino. Ele não tem começo, nem meio nem fim. Ele era, é e sempre há de ser. O Senhor não está limitado a um período, não segue a nossa linha do tempo, não se reduz à nossa presença na terra enquanto seres humanos que somos, existentes a partir de determinada era planetária. Deus não é criado, por óbvio, ninguém o criou. Não há nada nem ninguém antes de Deus; ele é a causa de tudo, e tudo é consequência de seu poder e do seu querer. O Senhor não tem origem; mas tudo e todos derivam dele. Ele não pertenceu a um panteão de deuses sobre os quais ele se destacou. Deus não precisou derrotar outros deuses para ser quem ele é, porque nunca houve outros seres que fizessem frente a sua força e seu poderio. Jamais alguém pode enfrentá-lo, simplesmente porque nada nem ninguém existia até que ele os criasse. Ele nunca foi ameaçado por nada, porque antes de sua expressa ordem, só nada existia, e sempre esteve absoluto acompanhado de Jesus e o Espírito Santo – que não são outros deuses, mas pessoas da trindade desse Deus. E por fim, ele começou, por vontade expressa e deliberada a criar todas as coisas, e desde então ele faz, ele realiza, ele trabalha. 
Chega a ser óbvio o título deste artigo. Mas antes de tudo, é preciso enfatizar que Deus trabalha. Portanto, não há espaço para que nós nos acomodemos. O Senhor é maior do que nós, é dono de tudo, de todos, de todas as coisas, não precisa pedir emprestado, ele fez tudo o que há, e ainda assim, ele trabalha. É por isso que o mundo funciona, e que as leis da natureza estabelecidas por ele não falham. Nada sai do controle, porque ele não encerra o expediente. Sendo quem é, Deus não parou até agora, e seu filho segue o seu exemplo (João 5.17) e também trabalha. Quanto a nós que somos menores, muito mais ainda temos que trabalhar, sobretudo, se nos intitulamos filhos de Deus, o Deus que não para. Os discípulos de Cristo são filhos de Deus, e por consequência devem trabalhar. Mas não é sobre como temos que trabalhar, e sim, o fato de que Deus trabalha pelos que esperam sua ação é que este texto quer explicitar. 
Desde antes da antiguidade o Senhor está em constante labor. Se tomarmos por base a divisão da história como os historiadores convencionaram, teremos cinco períodos, sendo eles o da pré-história, idade antiga, idade média, idade moderna e idade contemporânea. O período pré-histórico que é compreendido entre as eras do Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais, encerrando com o surgimento da escrita. A idade antiga vai do surgimento da escrita, por volta do ano 4.000 a. C. até 476 d. C. com a queda do império Romano. A idade média inicia em 476 e vai a 1453 com a tomada de Constantinopla como marco histórico. A idade moderna começa em 1453 e termina em 1789 com a revolução francesa como seu episódio marcante. Por fim, a idade contemporânea que começou em 1789 e vige até hoje. Cabe lembrar que vivemos uma era em que se fala em pós-modernidade e até hipermodernidade. Mas a questão é que Isaías escreveu o livro que leva seu nome, por volta de 740 antes de Cristo, quando ocorreu a morte do rei Uzias. Portanto, a antiguidade do livro pode ser atestada com a datação da morte desse rei de Judá, ano em que o ministério profético de Isaías começa. Há então, um fato explícito para se defender a idade do livro de Isaías.
Agora, é importante entender que quando o profeta escreve o livro em comento, ele estava dentro do período em que os historiadores chamam de idade antiga. É razoável, por isso, depreender-se que ao escrever o verso 4 do capítulo 64 de seu livro, o profeta não está falando de sua era segundo a divisão feita pelos historiadores. Mas está incluindo o período que compreende a era pré-histórica, aquela antes do surgimento da escrita. Ou seja, o profeta está dizendo que é desde que o primeiro homem pisou na terra, e isso foi com Adão (Gênesis 1. 26, 27), para nós os cristãos, seguido por Eva (Gênesis 2.22). Ambos, homem e mulher, feitos do barro do Éden, depois transportados por Deus para outro jardim, feito e localizado dentro do Éden.
Para melhor entender, depois da queda do homem, quando Adão e Eva desobedeceram a Deus, a maldade entrou no mundo. O casal original foi expulso do Jardim. Cabe citar que Deus fez o Éden, que significa planície, e depois fez o jardim (Gênesis 2.8), cuja tradição se refere ao Éden. Mas palavra Éden é o cognato em português do original em hebraico, que traduzido para o grego vai dar no cognato português Paraíso, e ambas traduzidas para o português chegam ao significado de planície, ou estepe. Apesar disso, se associa Paraíso ao jardim do Éden, mas frisando, paraíso, ou Éden, se refere à planície, e o Jardim e uma região pertencente ao todo, cujo nome não se sabe precisar.
Em Gênesis 2.8, a Escritura diz que o Senhor plantou um jardim no Éden, ou seja, ele fez o Éden que é uma planície, ou estepe que continha o melhor de tudo e ainda fez um jardim, onde se concentrava o melhor das melhores coisas, o mais belo das mais belas obras. E é desse lugar que Adão e Eva são expulsos, do assim, dizer, jardim dos jardins, mas continuaram no Éden, onde passaram a lavrar (Gênesis 3. 23, 24) de onde antes da queda foram tirados para habitar o jardim dos jardins.
Com a saída do homem e da mulher do jardim que Deus plantou, os seus descendentes foram se afastando de Deus. Não só a maldade toma conta do coração humano, mas a exclusividade  de culto ao Senhor também acaba, até que chega o dilúvio (Gênesis 7), quando apenas Noé e sua família entram na arca que salva as espécies. Encerradas as chuvas e chegada a ápoca de estiagem, o patriarca sai da do grande barco com sua família e sai a povoar a terra. De novo os descendentes do justo se desviam e começam a invocar outros deuses. Mas o fato é que quer fossem abençoados ou não, nada era feito pelos seus deuses. Em Mateus 5.45 está claro que tudo acontece por obra, graça e misericórdia de Deus. Justos e injustos têm sol e chuva, e de ambos os elementos da natureza, todos podem plantar e colher, enfim viver do produto de seu trabalho.
Mas o interessante é que o profeta Isaías diz que desde a antiguidade nunca se ouviu de um deus fora de Deus que trabalhasse por seus servos. Ou simplificando, desde que o mundo é mundo, desde que o homem está aqui no planeta, desde que o tempo nem era contado, desde o passado mais remoto imaginável, desde períodos desconhecidos nunca se ouviu sobre as obras de outros deuses em favor de seus adoradores. Quer dizer, desde a fundação do mundo, não há relatos de testemunhas indiretas sobre outras divindades atendendo aos apelos de seus cultuadores. Em seguida o profeta diz que nem com ouvidos se ouviu tal. Significa que quando ele escreveu seu livro, ninguém havia que relatasse ter pessoalmente ouvido outros deuses trabalhando em favor de seus servos. Ninguém havia que pudesse dizer: meu deus me livrou de tal coisa; meu deus me abençoou com isso; meu deus me fez aquilo. Nunca ouve alguém que pudesse dizer: Ouvi meu deus me responder que o que pedi ele fará. Nada, nenhuma palavra nesse sentido. O profeta também diz que nem olhos viram uma ação realizada que pudesse ser atribuída a outros deuses fora de Deus. Não havia, nem nunca houve alguém que pudesse dizer: Vejam, meu deus fez isto! Ninguém registrou, ninguém contou para sua descendência, ninguém falou para seus contemporâneos, ninguém presenciou algo que pudesse ser atribuído a outros deuses em favor de seus adeptos.
Mas o Senhor, o Deus de verdade, esse sim trabalha para os que nele confia. Ele não só manda sol e chuva sobre justos e injustos, porque neste caso seu compromisso é com a vida no planeta, mas ele trata de forma particular com aqueles que esperam nele. Há muitos relatos na bíblia de pessoas que confiaram em Deus e ele ouviu suas petições. Davi em salmo 40.1 "Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu meu clamor. Se você continuar a ler este salmo, verá que Davi é grato a Deus porque o Senhor o livrou de um mar de pecados, angústias, consequências de escolhas erradas, perseguições entre tantas coisas. Diante de muitos perigos, Davi calmou ao Senhor que veio em seu socorro. Em Daniel 3 os jovens Sadraque, Mesaque e Abednego foram livrados da fornalha de fogo ardente. Interessante a referência à fornalha de fogo ardente, parece redundância, mas é uma expressão para se referir ao aumento exagerado da temperatura da fornalha onde eles foram lançados, para em seguida serem convidados a sair de lá, intatos, vivos, sem sequer terem sido chamuscados. 
E ainda no velho testamento em Daniel, o livramento ao próprio profeta que dá nome ao livro, que era um alto funcionário do império medo/persa sob a regência de  Dario. Em Daniel 6, o profeta é livrado da fome dos leões que ficavam na cova onde ele foi lançado, injustamente, diga-se de passagem. O contraste é que aqueles que acreditavam em outros deuses e que fizeram a armadilha para Daniel, forma lançado na mesma cova e antes que chegassem no fundo dela já haviam sido devorados pelos leões. Já no novo testamento, temos vários casos com Jesus livrando os que nele confiava. Em Mateus 8. 23-26, Jesus acalmou a tempestade que amedrontava os apóstolos, que embarcados se achavam em águas profundas. Em Atos 4, Pedro e João foram presos por pregar e curar em nome de Jesus. Foram milagrosamente libertos dos fariseus e sacerdotes iracundos e cheios de ódio. Paulo e Silas em Atos 16, também presos pela causa de Cristo, açoitados injustamente, encarcerados começaram a louvar. Houve um terremoto no presídio, suas cadeias abertas, mas eles ficaram lá. Foram canal de conversão do carcereiro, e depois foram libertos e ainda puderam fazer advertências aos seus acusadores em função da injustiça sofrida. E muitos outros casos de ação de Deus são relatados na bíblia. São curas, ressurreições e outros milagres. Tudo demonstrando a ação de Deus em favor daqueles que confiam nele.
Mas não é só no período bíblico que Deus agiu em favor do seu povo. Não são só os personagens bíblicos que foram alvos do amor e da ação do Senhor. Hoje, em qualquer igreja cristã, qualquer pessoa pode entrevistar cristãos que encontrará relatos do trabalho de Deus. Muitos membros de igreja não só darão depoimentos, mas apresentarão exames médicos, laudos periciais, exames de imagens, tudo para mostrar que foram curados depois de pedir e esperar no Senhor. Há ainda outros que falarão sobre livramentos em acidentes, vida preservada em escombros no aguardo de resgate. Empregos em meio à crise, negociações com sucesso de acordo, entre outras ações de Deus.
Importante ressaltar que na bíblia não há relatos de ação de outros deuses em favor de um povo. Portanto, fora do Senhor não há deus a quem se possa ser grato por alguma realização. Por mais que propaguem histórias diferentes, quando muito, poderão falar de uma mágica, uma magia, enfim, coisas que não passam de engano, de ilusão, de mentira. Ainda que façam oferendas agradecendo a esses deuses, quando do aperto, quando da necessidade real, é ao Senhor único Deus em quem as pessoas buscarão. Podem até dizer que têm outro deus. Mas só colherão derrotas e perdas, ainda que façam muitas promessas, por mais que façam muitos "trabalhos" mesmo que preparem banquetes, por maior que sejam as suas obras para agradar ao seu deus, nada terão em seu favor. Mas quando confiarem em Deus, o Senhor, nenhuma obra será necessária, nenhuma oferenda a apresentar, nenhum trabalho a fazer. Precisam apenas confiar, porque é Deus quem trabalha, quando nele se espera. Em salmo 127.2 está claro que Deus alimenta e provê tudo o mais para os seus enquanto eles dormem. O sono não foge dos seus olhos, a preocupação não lhes tira o sossego, porque sua confiança está no Deus que tudo pode e tudo faz. O único Deus que trabalha em nosso favor.

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