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Palavras iniciais sobre o livro de Apocalipse

 Por Sergio Aparecido Alfonso

Estudo sobre o livro de Apocalipse

Noções básicas


Quando se fala em Apocalipse, a maioria das pessoas demonstra curiosidade misturada com medo. Algumas leem o livro para tentar fazer alguma interpretação buscando associar o tempo presente com os acontecimentos escatológicos que existem nos textos registrados em Apocalipse. Muitos leigos nutrem a vontade de encontrar a chave de tudo que está lá. Mas a verdade é que o livro de Apocalipse é um livro bíblico, e como tal, a leitura deve ser feita sob a direção do Espírito Santo, sem o qual, a interpretação correta não ocorrerá. Aliás, pode ser que mesmo orando, o Espírito Santo entenda que não dará a interpretação, pois, se não houver proveito para o reino de Deus dificilmente o Pai permitirá alguém chegar ao conhecimento de tão importante revelação. Não está nos Seus desígnios apenas satisfazer caprichos mesquinhos do homem. O desejo de conhecer por mera curiosidade não será o suficiente para chegar à profundidade dos significados das figuras e linguagens usadas em apocalipse; no máximo serão conjecturas como as levantadas por teólogos seculares que se vangloriam em acreditar que entenderam a linguagem de Deus, quando na verdade, estão mais desorientados do que quando se aventuraram a estudar e falar sobre algo no qual não têm fé.


Palavras Introdutórias ao Livro de Apocalipse


A palavra “Apocalipse” que é a revelação (Apocalipse 1.1) é o cognato português do original grego apokalypsis que significa desocultamento, desvelamento ou manifestação. Esse livro trata da descrição ou desvendamento da verdade espiritual, revelação dos filhos de Deus, encarnação de Cristo e o seu aparecimento na sua segunda vinda visível. Os sinônimos do significado da palavra apokalypsis dão o sentido de trazer para frente o que estava atrás de uma cortina, tirar a venda que impede alguém de ver algo. Ou seja, Apocalipse mostra aos nossos olhos aquilo que sabemos que exite, mas não conseguimos ver.

Antes de mais nada, é preciso enfatizar que o tema teológico do livro de Apocalipse é uma revelação do plano de Deus para e sobre Jesus Cristo (1.1) e sua ação. A sequência é: Deus, revela seu plano para Jesus, Jesus chama o anjo e manda que ele notifique a João sobre os acontecimentos que se desenrolarão no livro, e João escreve o livro para as sete igrejas da Ásia, e por conseguinte, aos crentes de todos os tempos. A cadeia hierárquica, por tanto é Deus, Jesus, anjo e João. O verso 1 diz que Jesus mandou o anjo notificar João, ou seja, fazer com que João ficasse ciente das coisas que em “breve acontecerão”. Significa dizer que João não tirou as ideias apocalípticas de sua cabeça, mas ele foi informado de cada uma delas. Apesar de ele usar palavras que fossem de fácil entendimento para os destinatários de seus escritos, tal como os demais livros da bíblia, o Apocalipse não era de autoria do homem.

A essência da comunicação feita a João, era de Jesus e seu cuidado para com a igreja, sua fidelidade como Salvador, o resgate dos salvos, a garantia da vitória sobre a morte, o triunfo daquele que crê, o grande julgamento final, rebelião das potestades do ar, leia-se, Satanás e seus demônios; o gozo da vida eterna, a recompensa do crente, a derrota final de Satanás e o Estabelecimento eterno do Reino de Deus com a restauração da criação de Deus. Por ser um livro que trata exclusivamente de profecias, não é de bom juízo tentar encontrar relação com o passado, salvo uma ou outra passagem, desde que feito de forma muito criteriosa, e mesmo assim, desaconselhável. Pois, ao tentar fazer alguma relação, analogia, ou pretender encontrar alguma alegoria, podem ocorrer distorções graves e dificuldade de sustentar tais abordagens interpretativas. Lembre-se profecias são relativas a fatos futuros. Os profetas as proferiam sobre o futuro de seu povo. João, por sua vez, recebeu o Apocalipse para tempos remotos à frente de seu tempo, sendo certo que as profecias já estão em curso no tempo presente, e daqui para frente continuam a se cumprir.

Desnecessário defender a transcrição humana de João em relação ao livro, vez que no primeiro versículo ele já se apresenta como aquele recebeu a revelação vinda de Jesus Cristo, que por sua vez recebeu diretamente de Deus. A data provável da escrita está entre 89-96 do primeiro século da era cristã, quando João ainda era um prisioneiro idoso trancafiado sob o império romano, próximo ao final do reinado de Domiciano, na ilha de Patmos, localizada no mar Egeu, a cerca de 50 quilômetros da costa sudoeste da atual Turquia, à época chamada de Ásia Menor, que abrangia também, parte da Europa.

O estilo literário que João usou em Apocalipse é um misto de épico, onde você pode encontrar uma narrativa de perspectiva de todo um povo em relação à vitória e o triunfo de seu herói, no caso, o povo de Deus e Jesus; em alguns trechos é lírico, onde é possível encontrar muitas figuras e poesia na profecia, além de cânticos e palavras de louvor a Deus e ao próprio Jesus. Em ambos os estilos o leitor encontrará uma apresentação de esperança, fé e expectativa atendida.

Os primeiros destinatários e por conseguinte, os leitores originais foram os crentes de sete igrejas reais da Ásia Menor. O livro possui muitos simbolismos, que só poderiam ser entendidos por quem fosse cristão, tendo em vista a revelação que o próprio Espirito Santo dá. Assim, caso os romanos apanhassem o livro, não poderiam usar contra os discípulos de Jesus, pois, não saberiam do que se tratavam as figuras e palavras ali representadas, isso porque, por não crerem, não tinham o Espirito Santo para ajudá-los a entender.

Como já bastante explorado, é verdade que existem muitos versículos bíblicos no livro de Apocalipse que trazem assuntos aterradores, assustadores. Algumas coisas no presente século as pessoas tendem a associar com profecias apocalípticas. Então, muitas crendices e preconceitos são externados em função disso. Mas a sugestão é que antes de se prender em assuntos como: a besta que surgiu do mar, os de chifres na sua cabeça, o número da besta entre ouras coisas – que muitas vezes já estão explicadas e explanadas no próprio texto – seria muito importante o leitor saber que o livro trata de temas bem mais próximos do entendimento comum e mais encorajadores para os nossos dias. Por exemplo:


1. O arrebatamento acontece antes da tribulação;

2. A tribulação dura sete anos, mas o Milênio dura mil anos;

3. Os quatro cavaleiros de Apocalipse só poderão avançar quando Jesus permitir;

4. Jesus volta para impedir que o mundo se destrua;

5. Satanás, o Anticristo e o falso profeta serão lançados no lago de fogo;

6. O evangelho é pregado a todo mundo, multidões são salvas e a falsa religião é destruída; e

7. Jesus vence e a terra é restaurada. (DUCK, 2015)


De posse dessas informações, desejamos a todos, um ótimo aprendizado, em o nome de Jesus. No próximo estudo vamos fazer um breve panorama sobre as sete igrejas da Ásia, para quem João escreveu, sob a orientação do Senhor, por meio do seu anjo.



Bibliografia


BEASLEY-MURRAY, G. R. Comentário Bíblico de Apocalipse. 1ª Ed. São Paulo. Vida Nova. 1990.

BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRAS-CHAVE. 4ª Ed. Rio de Janeiro. CPAD. 2015.

DUCK, Daymond R. Guia Fácil para entender as profecias da Bíblia. 1ª Ed. Rio de Janeiro. Thomas Nelson Brasil. 2015.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo. 1ª Ed. Barueri. Sociedade Bíblica do Brasil. 2010.

WIERSBE, Warrem W. COMENTÁRIO BÍBLICO EXPOSITIVO. 1ª Ed. Santo André. 2012.

Comentários

  1. Sou grato a Deus por levantar servos capazes para nos trazer tão maravilhoso estudo..

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  2. Graça e paz, irmão. Agradeço a Deus pelo prestígio que o irmão sempre demonstra.

    Abraço.

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