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Série: Breve panorama de temas do Apocalipse (parte 3)

 Por Sergio Aparecido Alfonso

Apocalipse 8 – 11

As sete trombetas

O juízo vem. Apocalipse 8.2-11.19 relatam uma série de acontecimentos catastróficos, desencadeados pelo abrir dos selos e o soar das trombetas tocadas pelos sete anjos em formação diante de Deus. Cada anjo tocou uma trombeta, sendo que a sétima trombeta trouxe sete juízos, chamados de juízos das taças. Mas cada trombeta trazia uma catástrofe diferente, mas nem por isso, mais branda que a outra. Entre a sexta e a sétima trombeta João teve outras duas visões. Observe que os juízos vêm sempre em conjunto de sete, sendo divididos em grupos de quatro e três. Os juízos dos selos podem ser apresentados em duas classes, como os quatro cavaleiros, e depois outros três juízos. Os juízos das trombetas seguem a regra, sendo o grupo com quatro os juízos que causam impactos nos “terços” das coisas atingidas, e em seguida o conjunto de três juízos conhecidos como os AIS. No caso, vamos discorrer sobre os juízos das trombetas.


Primeira Trombeta – Após o primeiro anjo soá-la, granizo e fogo misturados com sangue cairão sobre a terra e causarão a destruição de um terço da flora existente no planeta. Trata-se de um desequilíbrio sobre a natureza, que vai atingir, inclusive, as colheitas previstas, provavelmente são frutos de uma plantação emergencial que os governos providenciarão para sanar a escassez de alimentos provocados pelos atos do cavaleiro do cavalo preto, referente ao terceiro selo.


Segunda Trombeta – O segundo anjo toca a sua trombeta e imediatamente um corpo incandescente cairá sobre a terra. Pode ser um cometa, um meteoro ou até uma arma de destruição em massa, como uma bomba nuclear ou um míssil ogival de grande potencial destrutivo. O artefato será lançado no mar, e seu efeito será sobre a fauna marinha e a navegação. Tal como o primeiro juízo, esse tem poder de destruir a terça parte do alvo atingido, no caso, a terça parte da vida marinha e a terça parte dos recursos de navegação. O alimento extraído do mar sofre uma drástica redução, os meios de produção por barcos de pesca também é prejudicado, bem como o transporte do comércio exterior e de turismo perde grande parte do seu potencial. O resultado é fome e desemprego, numa crise econômica sem precedentes. 


Terceira Trombeta – Ao toque da trombeta do terceiro anjo, uma grande estrela incendiada cairá do céu. Aqui, está claro que se trata de um corpo celeste, ou seja, não é um objeto feito pelo homem. Em função de seu efeito amargoso sobre as reservas de água potável, receberá o nome Absinto, uma erva amarga. Provavelmente o nome da erva vem do grego apsinthion que quer dizer intragável. As consequências da contaminação das fontes de água será o encarecimento do artigo porque ele se tornará raro, e a escassez também provocará morte. Dinheiro não será tudo para saciar a sede. Ao que tudo indica, a estrela aqui mencionada será desintegrada antes de se chocar com a terra. Em sendo um corpo inteiro, ao tocar no solo ela destruiria o planeta. Mas o texto apocalíptico é claro em dizer a terça parte das águas serão amargosas, logo, depreende-se que ela se desintegrará quando entrar na atmosfera, espalhando-se sobre a terra, para atingir os corpos hídrico e contaminá-los.


Quarta Trombeta – Trata-se do quarto juízo. O anjo respectivo toca a quarta trombeta. Então, a treva será grande sobre a terra. O texto de Apocalipse diz que um terço da luz do sol e da lua serão atingidos, ou seja, apagados. Se de um lado as estações do ano serão alteradas, de modo que as vidas animal e vegetal sofrerão as consequências, por outro lado, a escuridão tornará o ambiente mais propício para a violência. O efeito natural será um possível inverno nuclear. Talvez um retorno à hipótese de uma nova era do gelo. Certo é que a temperatura no deserto é de até 50 graus durante o dia, e 0 grau durante a noite, e essa variação poderá ser igual. Ocorre que com a supressão da luz do sol, a lógica é que o planeta esfrie mais do recupere a temperatura.


Quinta Trombeta – Quando quinto anjo soar a quinta trombeta, uma estrela cairá do céu. Não é uma estrela literal, mas o próprio Satanás. O verso 11 do capítulo 9 nos dá mais informações. Enquanto dos versos 1-10, consta que foi dada a chave do abismo a essa estrela, ao verso onze existe a referência ao anjo do abismo que se chama Abadom e Apoliom. Abadom é uma palavra hebraica que quer dizer “um anjo destruidor”. Apoliom vem do grego e quer dizer “um destruidor; destruir, corromper; o destruidor; Um nome grego para o demônio destruidor”. Portanto, sem dúvida, a estrela em questão é o próprio Diabo. Nesta quinta trombeta está o primeiro AI. Veja que não ocorre mortes aqui, mas tormentos e lamentos. Dos versos 3-11, consta que o abismo foi aberto com a queda da estrela, e que fumaça e cinza foram expelidas, de modo que cobriu o sol. Essa parece a descrição de uma erupção vulcânica muito potente, onde as partículas de suas cinzas ficariam suspensas no ar, causando poluição e aparência de sol nublado. Também, que anjo destruidor vai liberar seres com forma de gafanhotos preparados como se fossem para a guerra. É dada ordem que façam agressões aos homens, mas não os mate, apenas que lhes inflijam sofrimento por cinco meses. O tempo é limitado para a aflição. Esse limite está de acordo com o ciclo normal de vida de um gafanhoto. O flagelo aplicado pelos gafanhotos contra os homens têm o efeito de picadas de escorpião. Raramente o ataque de um escorpião leva a óbito, mas pode provocar náuseas, tremores, dores de moderadas a muito fortes, vômitos, transpiração, entre outros sintomas. Ser atingido por um escorpião nunca será confortável. Outro detalhe importante é que tal agressão deve ser feita apenas contra quem não tem a marca de Deus na testa. Ou seja, nem os convertidos, nem os 144 mil que estarão evangelizando nesse período.


Sexta Trombeta – O sexto anjo tocará a sua trombeta. Cavaleiros demoníacos fazem com a terça parte dos homens sucumbam. Aqui, a morte será abundante. Muitos acontecimentos na história da humanidade já foram praticados de modo que alguns podem pensar que esta profecia já se cumpriu. Mas estamos falando de um relato de mortes sem precedentes. Imagine hoje, quando a população mundial ultrapassou a marca de 8,5 bilhões de pessoas. Um terço disso é mais de 2.5 bilhões de mortes. Alguns comentaristas acham que a China seria grupo responsável por essa matança, onde eles reuniriam um exército de 200 milhões de pessoas. Se pensarmos nas tensões militares entre China e Índia, onde os dois países já passaram a marca de 1 bilhão de habitantes, somando aos eventuais aliados numa hipotética guerra, ainda assim, não teríamos um contingente tão grande mortos. As duas nações teriam suas populações quase extintas para que essa profecia fosse cumprida. A tese mais provável é a de ação demoníaca mesmo.


Sétima Trombeta – Ao soar dessa trombeta, será anunciado em alta voz, na verdade, vozes, que o reino do mundo é do Senhor e de seu Cristo, para o reinado eterno. Em Ap 11.15, os anciãos se prostrarão e adorarão a Deus. Então um terremoto sem precedentes será sentido em toda a terra. Chuva de granizo e as sete taças da ira de Deus serão derramadas sobre a terra. Eventos esses que se passarão quase no fim da tribulação. No verso 18, a redação do versículo diz que as nações se iraram. Está mais para uma crise entre elas. Satanás se seu asseclas enfurecidos dão seus brados de ira. O julgamento acontece, e Deus distribui o galardão aos seus servos.


Segundo Interlúdio – O anjo com o livrinho que ele dá para que João coma, vem para reclamar o planeta para Deus.


Terceiro Interlúdio – O templo judeu será reconstruído, mas o pátio será controlado pelos gentios por 3 anos e 6 meses. As duas testemunhas evangelizam por 3 anos e 6 meses. Ninguém poderá fazer mal a elas nesse tempo, mas por fim, vão matá-las. A terra se alegrará por isso, já que não terão que ouvir as palavras que as incomodam. Mas as testemunhas ressuscitam, o mundo se espanta, porque elas subirão ao céu. Testemunharam do evangelho de Deus com palavras, depois, com sua ascensão ao céu, testemunham que tudo o que pregaram era verdade. Alguns defendem que as testemunhas seriam Elias e Moisés, outros ainda afirma que seriam Enoque e Elias, os que não experimentaram morte física. Então, eles viriam para sofrer a regra da morte do corpo físico, destinada a todo ser humano. Pouco provável. Mas é mais provável que sejam o símbolo do esforço coletivo do povo de Deus no período da tribulação.


É preciso lembrar que cada acontecimento tem a semelhança das pragas que o Senhor fez cair sobre o Egito no tempo de Moisés. Todas elas eram testemunhos para que Faraó soubesse que Deus não estava blefando, mas dando tempo para arrependimento.





Bibliografia


BEASLEY-MURRAY, G. R. Comentário Bíblico de Apocalipse. 1ª Ed. São Paulo. Vida Nova. 1990.

BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRAS-CHAVE. 4ª Ed. Rio de Janeiro. CPAD. 2015.

DUCK, Daymond R. Guia Fácil para entender as profecias da Bíblia. 1ª Ed. Rio de Janeiro. Thomas Nelson Brasil. 2015.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo. 1ª Ed. Barueri. Sociedade Bíblica do Brasil. 2010.

WIERSBE, Warrem W. COMENTÁRIO BÍBLICO EXPOSITIVO. 1ª Ed. Santo André. 2012.


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