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Série: Breve Panorama do Apocalipse

Por Sergio Aparecido Alfonso

Apocalipse 2-3. Em termos gerais, os dois capítulos mostram que a história da igreja retrata a exata correspondência com a situação das sete igrejas da Ásia, para as quais João enviou as cartas sob a ordem de Jesus. As mesmas recomendações são para as igrejas atuais. As variadas interpretações dizem que as cartas fazem referência a diferentes situações espirituais nas igrejas; há os que dizem que se referem ao comportamento espiritual de indivíduos em todas as eras; e, também, há aqueles que interpretam as sete cartas às sete igrejas como uma profecia para a igreja como um todo. As três formas de interpretação citadas acima são coerentes. Mas, questões importantes que precisam ser levadas em conta é que o livro de Apocalipse é um livro de profecia, as sete igrejas são igrejas reais do período em que João escreveu as cartas, e que o arrebatamento é iminente. E ainda tem uma quarta corrente a respeito das cartas às sete igrejas que diz que as cartas identificam as diferentes eras da igreja ao longo do tempo, suas fases de vida espiritual em relação ao desenvolvimento da história. O quadro abaixo traz uma ideia da última forma de interpretação, segundo o pastor Tim LaHaye:

Fonte: DUCK, Daymond R. Guia Fácil para entender as profecias da Bíblia. 1ª Ed. Rio de Janeiro.      Thomas Nelson Brasil. 2015.

Sobre o período de Éfeso, só para constar, rapidamente falando, no tempo de Paulo e João, eles escreveram sobre pessoas que deixaram a congregação. Em 2Tm 4.4, Paulo diz que algumas pessoas se desviaram da verdade e passaram a acreditar em contos inventados. Em 1João 2.18, 19, o apóstolo João diz que já existem muito anticristos no mundo, e que esses tais saíram do meio da igreja. Em Hb. 10.25, o texto alerta que alguns estão abandonando a congregação. O período de Esmirna aborda a perseguição. Nessa época, muitos cristãos foram flagelados pelos imperadores. A perseguição foi ferrenha, até que Constantino aderiu a religião cristã, deu status para a igreja e tornou o cristianismo a religião oficial do Estado. No período de Pérgamo, nesse período começaram a surgir ensinamentos que agradavam a população. As disputas teológicas colocavam em cheque a humanidade de Jesus que era diminuída por uns. A intelectualização exagerada da igreja tomara tempo da evangelização. Período de Tiatira, é o espaço de tempo em que vários elementos cúlticos, ritualísticos e litúrgicos foram inseridos na igreja. Cultos à Maria, intercessão dos santos, pagamentos de indulgências, período do purgatório, entre outros ensinos não-bíblicos foram adicionados.

No período de Sardes, a igreja sofre nova investida de Satanás. Perseguição por causa da reforma que ocorreu em 1517, inquisição, revoluções nos países, como a França, que tinha ódio pelo cristianismo, acreditando ser este seguimento um instrumento de dominação do Estado. Mas houve dentro da igreja reformada muitas disputas. Alguns teólogos buscando a proeminência tentavam desqualificar os reformadores. Outras pessoas usavam a igreja e a reforma para fugir de suas obrigações civis e sociais. Muitos acreditavam que a igreja reformada tinha que tomar partido das lutas de classe. Assim, tanto a igreja católica quanto a igreja protestante se ocuparam muito de obras sociais, e a obra espiritual ficou para trás. Mas houve avanços nesse período com Calvino, por exemplo, que apresentou solução para problemas como idosos abandonados, crianças desamparadas e analfabetismo da sociedade. Já no período Filadélfia, surgiram os grandes evangelizadores e avivalistas. Entre eles os irmãos Welsley, Dwight L. Moody, Chrles Finney, e Charles Handon Spurgeon conhecido como príncipe dos pregadores. E por fim, o período Laodiceia, a igreja da era atual. Morna, não enfrenta as questões pecaminosas e antibíblicas. Alguns líderes assumem até papéis de “transformadores” sociais, incorporando às suas igrejas e mensagens, a chamada teologia da libertação, que mais serve para acirrar os ânimos, parecendo-se mais com partidos socialistas do que igrejas. Ao mesmo tempo que aderem ideologias que vão contra o ensinamento bíblico pró-vida, matrimônio e família. Daí que surgem os chamados “cristãos progressistas”. Ao passo que outros surgem com as teologias da prosperidade, propondo que todos podem viver regaladamente com bens materiais abundantes; e existem os adeptos dos cultos terapêuticos, que servem para acalentar os egos, "cura interior", etc. Mas voz profética, que denuncia o pecado, chama o pecador ao arrependimento, pouco se houve. Há até líder propondo “atualização” da bíblia, onde alguns pecados deixariam de ser pecado.

Mas há que se ressaltar que pesar de todos os informes sobre as sete igrejas simbolizando as diferentes eras da igreja em geral, todos os acontecimentos continuam a se desenrolar simultaneamente na igreja atual. Pessoas se dizem convertidas, depois de alguns anos abandonam a igreja e saem falando mal dos irmãos, da igreja e de Deus. Algumas dizem ter se tornado ateias. Em pleno século XXI os cristãos são decapitados em países de maioria islâmica, estudantes cristãos são forçados a escrever contra a própria fé para ter nota na aula de filosofia na faculdade. Muitos têm ido atrás de pregadores que adaptam a bíblia para o estilo de vida do ouvinte, quando deveria ser o contrário, sendo o ouvinte se adaptando à bíblia. Existem aqueles que ensinam a usar certos tipos de objetos "ungidos" para cura de doenças, casamentos informais sendo aceitos com facilidade, e mais grave, a autoridade, a antiguidade, a autenticidade e a inerrância bíblica sendo questionadas pelos próprios pregadores. Tudo isso só para ser breve, e dizer que tudo é igual.

Para o Céu

Apocalipse 4-5

Uma vez superada as eras da igreja, vamos para os acontecimentos vistos no céu. João teve uma visão do que estava ocorrendo no trono de Deus. Nos versos 2 e 3 do capítulo 4, João descreve a visão que teve de Deus. Mas como é impossível fazer uma descrição exata de como Deus é na sua glória, João usa o que de mais precioso havia conhecido para ele e seus leitores, que eram as pedras preciosas. Além disso, jaspe e sardônio, que ele usa para descrever a presença gloriosa de Deus, eram pedras preciosas que iam no peitoral usado pelo sumo sacerdote quando no desempenho de seu ofício sacerdotal. Na parte b do verso três, do capítulo 4, João tem uma visão da misericórdia e da aliança de Deus para com a humanidade na terra, o arco-íris. Um círculo completo, porque no céu tudo é perfeito. O arco-íris é o símbolo da aliança de Deus com a humanidade, quando ele prometeu que não mais destruiria os seres humanos (Gênesis 9.11-17). O arco-íris visto por João significa que como prometido por Deus, a aliança é levada a sério. Da parte de Deus o pacto de não destruição do ser humano e da terra estava muito bem preservado (mas a terra um dia será destruída Gênesis 8.22). Já ao verso sete do capítulo 4, João tem a visão de 4 seres viventes.

Mas sobre os seres vivente, a conclusão é óbvia, são seres vivos, não mortos. Pela ordem são apresentados com aspectos semelhantes aos de: leão, novilho, homem e águia. Respectivamente eles representam: Força, serviço humilde, racionalidade e agilidade no serviço. Tudo feito sem impedimento, sem satisfação de mero capricho, com inteligência e de forma rápida e urgente, porque Deus tem pressa. A voz de trovão que João narra já nos é familiar, como no caso de Êxodo 19.16 – 20.18, além de Deuteronômio 5.23-28. Trata-se da magnificência de Deus. Seu fogo abrasador e purificador, voz forte e poderosa, de quem tem autoridade. Muita gente não quer ouvir, tem medo e receio, por isso, preferem intercessores. Mas com isso, perdem o privilégio de falar com Deus pessoalmente, bem como, o verdadeiro e sincero relacionamento com o Pai.

No capítulo 5 João tem a visão do livro selado com os sete selos. Ele chora porque não percebera alguém que pudesse romper os selos. E isso o impediria de conhecer o teor do livro. Mas ao verso 5 o ancião consola João e apresenta alguém digno de abrir o livro. A dignidade é conquistada pelo Cordeiro, Jesus Cristo, através dos triunfos que teve sobre todas as tentações que sofreu na terra, a humildade com que se conduziu, a força para suportar a dor, e por fim, a morte e ressurreição vividas por Ele. Jesus tornou-se digno para ser o remidor de todos nós. O Cordeiro com os sete chifres, ou seja, com o poder pleno, e sete olhos, ou os sete Espíritos, ou seja, a plenitude do Espírito de Deus (5.6,7), era o único que podia abrir os selos. Dos versos 6-14, Ele é apresentado como o único digno de abrir os selos e também o motivo de tal dignidade. Morreu, derramou seu sangue e nos comprou, ou seja, nos remiu, tirou nossa condição de devedores e nos colocou na condição de isentos do pagamento de taxas, mensalidades, etc.

O capítulo 5 deixa claro algo muito importante: Jesus está vivo, e está no céu. Viveu na terra, foi morto mas venceu a morte. E agora é adorado, exaltado e louvado pelos seus grandes feitos. É o responsável pela adoração que brota de todas as partes do universo. Céus, terra, água, e debaixo da terra, onde há vida, há louvor a Deus (Ap 5.13,14). Todas as criaturas são vistas por João adorando ao Cordeiro. Isso quer dizer que a própria natureza o reverencia. Aleluia!



BIBLIOGRAFIA

DUCK, Daymond R. Guia Fácil para entender as profecias da Bíblia. 1ª Ed. Rio de Janeiro. Thomas Nelson Brasil. 2015.

FERGUSON. Everret. História da Igreja: Dos dias de Cristo à Pré-Reforma. Vol. 1. Rio de Janeiro. Central Gospel. 2017.

MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo. 1ª Ed. Barueri. Sociedade Bíblica do Brasil. 2010.

WIERSBE, Warrem W. COMENTÁRIO BÍBLICO EXPOSITIVO. Vol. 6 1ª Ed. Santo André. 2012.

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